“Não dá para entender a Amazônia sem entender a migração”

A brasileira Márcia Maria de Oliveira é a única mulher que está como perita na Assembleia Especial para a Região Pan-Amazônica, que acontece no Vaticano até dia 27 deste mês. Os ‘peritos’ são as pessoas encarregadas de garantir que os documentos produzidos pela assembleia tenham precisão técnica.

Doutora em Sociedade e culturas amazônicas e especialista em Sociedade e Fronteiras e História da Igreja na Amazônia, Márcia traz contribuições acerca da temática dos migrantes, do tráfico humano, de maneira especial o tráfico de mulheres para fins de exploração sexual e os deslocamentos dos povos indígenas.

“Temos trazido alguns elementos para enriquecer as funções do sínodo e ampliar o conhecimento e auxiliar na trajetória da Igreja nessa região. Pensando nas questões migratórias, como questões fundamentais, que desafiam a pastoral e a atuação da Igreja em redes de atendimento”.

“Não dá para entender a Amazônia sem entender a migração. Essa é uma chave de leitura importante para entendermos essa região. A Amazônia é produzida por migrantes a partir da colonização”.

A perita destacou que o ‘Instrumentum laboris’ contempla essa temática quando trata das grandes cidades amazônicas. Segundo ela atualmente a Amazônia tem novas entradas migratórias e também deslocamentos internos de algumas etnias indígenas.

Márcia salientou que é necessário dar atenção aos deslocamentos forçados dos indígenas para cidades, muitas vezes vinculadas a grandes projetos econômicos.

A presença da mulher na Amazônia

Sobre a presença da mulher na Amazônia, a especialista ressaltou que as mulheres, de fato, são uma presença é importantíssima na Igreja de toda a Amazônia e América Latina. “Há uma característica muito importante da presença das mulheres, assumindo, coordenando, animando e inclusive e assumido a direção e gestão dessas comunidades”.

Segundo Márcia, as mulheres na Amazônia estão envolvidas em serviços pastorais e o Sínodo tem discutido a valorização desse serviço prestado ao longo de toda a história da Igreja e o reconhecimento desse trabalho como um trabalho ministerial.

A questão trazida pelo Sínodo é a existência de um conselho de mulheres que esteja correspondendo ao serviço que elas já prestam às comunidades.

“As mulheres indígenas nos ensinam muito com a questão do cuidado do bem viver, da responsabilidade, de uma participação ativa e efetiva nas suas comunidades, que passam pelas dimensões do cuidado com as crianças, com a família, com a casa, com a plantação”.

Márcia ainda acrescentou que as mulheres indígenas têm papel fundamental de liderança, com grandes responsabilidades e nos deixam ensinamentos relacionados a saúde da comunidade e a ecologia integral.

 

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