Vivendo em um abrigo Skopje, capital da Macedônia, o casal de artistas e refugiados sírios Shergo Musa e Nazli Abdou conseguiu expor suas obras em uma mostra organizada com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). No país báltico, eles têm a liberdade de movimento restrita e não podem deixar o centro onde moram à hora que quiserem.
O casal de refugiados sírios Shergo Musa e Nazli Abdou descobriu a paixão pelo desenho quando os dois ainda eram crianças. Depois de meses vivendo nas acomodações de um abrigo temporário na Macedônia, suas histórias e obras puderam finalmente chegar ao público em uma exposição de arte organizada com o apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Mostra foi inaugurada em janeiro na capital, Skopje.
Shergo, de 49 anos, e Nazli, de 43 anos, foram forçados a deixar Alepo em 2015 com três de seus cinco filhos. Os outros dois já são adultos — a filha é casada e vive em Qamishli, cidade no nordeste da Síria, e o filho se mudou para a Áustria há um ano.
Realizada na cinemateca nacional de Skopje, a exposição Escape to a Better Tomorrow (Fuga para um Amanhã Melhor, tradução livre), é fruto de uma parceria entre o ACNUR e o Centro de Gestão de Crises da Macedônia. O objetivo da iniciativa é dar voz a refugiados que querem continuar suas vidas.
Os desenhos a lápis de Shergo e Nazli retratam as experiências, esperanças e medos das vítimas de deslocamento forçado. Para os artistas e seus filhos – a jovem Avin, de 20 anos, e os meninos Faris, de 18, e Lavent, de dez –, a cerimônia de abertura, no dia 12 de janeiro, foi uma das raras oportunidades em que puderam deixar o centro de trânsito onde eles vivem. A família não tem a liberdade de movimento garantida pelo Estado.
Se eu pudesse escolher uma palavra para explicar
o que é mais difícil para mim neste momento,
eu diria que é a nossa liberdade restrita.
O representante do ACNUR em Skopje, Mohammad Arif, afirma que a ideia da exposição é apresentar parte das habilidades que os refugiados trazem consigo para os países que os recebem. “Além da assistência humanitária básica e do abrigo, os refugiados desejam criar, desenvolver e viver plenamente. E os países têm de fazer todos os esforços necessários para possibilitar isso”, disse.
“Uma vez que os refugiados sobrevivem à guerra e estão em um lugar seguro, eles não devem apenas sobreviver, mas sim desfrutar de uma vida plena”, acrescentou o funcionário do organismo internacional.
Na Síria, Shergo trabalhava em uma fábrica têxtil criando estampas para tecidos, enquanto Nazli cuidava da casa. Temendo por suas vidas em Alepo, a família fugiu e chegou à Macedônia passando pela Turquia e pela Grécia. Já no país báltico, eles passaram cerca de um ano no centro de recepção e trânsito de Vinojug, próximo à fronteira com a Grécia.
Em março de 2016, as fronteiras dos Bálcãs foram fechadas para refugiados e migrantes, uma medida que submeteu milhares de pessoas a condições de vida inapropriadas. Mais de 130 indivíduos ainda estão acomodados em dois centros de trânsito da Macedônia que são considerados impróprios para a permanência por muito tempo.
15.02.2017
Fonte:nacoesunidas.org