Em Uganda, secretário-geral defende solidariedade internacional como uma questão de justiça; chefe da ONU pede que tudo seja feito para acabar com guerra no Sudão do Sul; país tem 950 mil refugiados em território ugandês.
Em Uganda, secretário-geral defende solidariedade internacional como uma questão de justiça; chefe da ONU pede que tudo seja feito para acabar com guerra no Sudão do Sul; país tem 950 mil refugiados em território ugandês.
Eleutério Guevane da ONU News em Nova Iorque.*
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse esta sexta-feira que a África enfrenta o “maior êxodo de refugiados desde o genocídio de Ruanda.”
Na Conferência Internacional de Uganda de Solidariedade com Refugiados o chefe da ONU citou o desespero de deslocados do Sudão do Sul. Ele disse que já tinha visto esta situação há sete anos e agora os sul-sudaneses voltaram para a mesma área e vivem nas mesmas condições no território ugandense.
Guerra
Guterres disse que a primeira conclusão é óbvia: que tudo deve ser feito para acabar com a guerra no Sudão do Sul.
O Sudão do Sul é o ponto de origem do maior movimento de refugiados que seguem para Uganda e que segundo o presidente do país, Yoweri Museveni, abriga mais de 1,2 milhão de refugiados.
Museveni falou de pelo menos 950 mil refugiados do Sudão do Sul e mais de 215 mil cidadãos da República Democrática do Congo.
Generosidade
Para o secretário-geral, a solidariedade internacional com Uganda não é uma questão de generosidade mas uma questão de justiça. O chefe da ONU considera a assistência internacional absolutamente crucial neste momento.
Guterres agradeceu a Museveni pelas condições criadas para os que procuram abrigo e pelo seu trabalho em promover a união e esforços para estabelecer a paz no mais novo país do mundo.
O chefe da ONU quer reconhecimento da comunidade internacional ao que chamou de política exemplar de refugiados de Uganda e que continua sendo “o símbolo da integridade do regime de proteção aos refugiados”.
António Guterres disse que essa estrutura não é respeitada por todos os países.
Portas abertas
O secretário-geral declarou que nem todas as portas estão abertas no mundo e que nem todos os refugiados são aceitos. Ele citou que alguns deles são rejeitados às vezes em países muito mais ricos que Uganda.
A ideia do chefe da ONU é que o país africano seja visto como exemplo para que a comunidade internacional se una e restabeleça a integridade do regime de proteção aos refugiados em todo o mundo.
Guterres disse ter visto em Uganda refugiados que não estavam em campos mas em aldeias tal como a população comum. A situação permite que essas pessoas possam cultivar a terra, ir às mesmas escolas e centros de saúde, ter empregos e vidas normais e dignas como qualquer cidadão ugandense.
O discurso do secretário-geral mencionou danos causados pelas mudanças climáticas no país, como a seca severa que leva à insegurança alimentar em algumas regiões.
Entre os participantes do evento estão os presidentes do Gabão, da Zâmbia, da Somália e os vice-presidentes do Sudão do Sul, do Sudão e do Burundi. Participam também representantes de organizações regionais e internacionais.
*Apresentação: Edgard Júnior.
Fonte: Rádio ONU