ROMA, 12 ABR (ANSA) – Após ter negado o desembarque de 156 migrantes resgatados pelo navio Alan Kurdi, da ONG alemã Sea Eye, no Mar Mediterrâneo Central, o governo da Itália ofereceu uma embarcação para o grupo fazer um período da quarentena.
A decisão foi tomada pela ministra da Infraestrutura e dos Transportes do país europeu, Paola De Micheli, de centro-esquerda. Segundo ela, a Guarda Costeira italiana identificará um navio para transferir os migrantes “nas próximas horas”.
Os deslocados internacionais serão acompanhados pela Cruz Vermelha e pelas autoridades sanitárias locais. O Sea Eye está em águas internacionais, a poucos quilômetros da costa da Sicília, no sul da Itália.
“Essa intervenção é coerente com as políticas do governo italiano sobre migração e se fez necessária após a recusa, por parte do Alan Kurdi, de seguir o procedimento para acolhimento no próprio país de bandeira, que é a Alemanha”, disse De Micheli.
A Alemanha fica a cerca de 2,6 mil milhas náuticas (5 mil quilômetros) da Sicília, e normas internacionais de navegação determinam que náufragos socorridos sejam desembarcados no porto seguro mais próximo.
A Itália, no entanto, diz que seus portos não podem ser considerados seguros devido à pandemia do novo coronavírus, que já contaminou mais de 150 mil pessoas e deixou cerca de 20 mil mortos no país.
“Essa ação de natureza humanitária não pode acontecer com o desembarque em portos italianos devido à forte pressão sanitária da Covid-19. Pressão que tornaria complexo lidar com o acolhimento para socorristas e pessoas resgatadas”, acrescentou a ministra.
No último sábado (11), um barco de patrulha da Guarda Costeira já havia levado mantimentos para o Alan Kurdi, que resgatara os 156 migrantes no início da semana passada, na costa da Líbia.
Além da Itália, Malta também recusou o desembarque, mesmo que a União Europeia chegasse a um acordo para redistribuir os solicitantes de refúgio.
Naufrágio – Enquanto isso, a ONG Sea Watch, também da Alemanha denunciou a ocorrência de um novo naufrágio no Mediterrâneo, entre a Líbia e Malta.
Em mensagem no Twitter, a entidade disse que 250 pessoas estavam à deriva na noite de sábado a bordo de quatro botes infláveis, e “uma dessas embarcações virou”.
“Deixados para morrer sozinhos no dia de Páscoa por uma Europa de palavras vazias sobre solidariedade com as pessoas que sofrem”, comentou a ONG. (ANSA)