Crianças frequentam quatro escolas construídas no acampamento; disciplinas incluem língua portuguesa, matemática, história e estudos ambientais; situação política e militar levaram 35 mil congoleses a procurar asilo na província de Luanda Norte.
Em 2017, a instabilidade política e militar na região de Kassai, na República Democrática do Congo, RD Congo, forçou mais de 35 mil pessoas a procurar asilo na província de Luanda Norte, em Angola.
A maioria destes refugiados vive agora num grande acampamento no município de Lóvua. Metade da população refugiada tem menos de 18 anos.
Escolas Permanentes
“Já temos quatro escolas, mas não são escolas permanentes. Agora estamos a trabalhar com o nosso parceiro para que no final do ano tenhamos mais três escolas permanentes. Até agora também quase 4 mil estudantes estáo a estudar nas escolas. Temos também 19 professores que são angolanos.”
O acampamento oferece educação em 16 salas de aula nestas quatro escolas com uma capacidade para 3 mil crianças e adolescentes.
De acordo com um relatório de educação do Acnur em Angola, o programa escolar ministrado é informal mas baseado no sistema educativo angolano. O objetivo é preparar as crianças para a integração total no sistema educativo formal do país anfitrião.
Português
O ensino da língua portuguesa é considerado prioritário, mas as crianças e adolescentes também aprendem história, matemática, geografia e estudos ambientais.
As aulas destinam-se a alunos entre os cinco e os 21 anos, do primeiro ano até ao ensino médio.
Geralmente, há 26 aulas por dia nestas escolas, sendo que cada professor dá aproximadamente quatro horas por dia.
Um grupo de 19 professores locais é responsável pelo currículo destas escolas, ajudado por professores auxiliares refugiados, normalmente com experiência na área da educação. Estes docentes dão um apoio fundamental com o lingala e o tshiluba, as línguas mais utilizadas no acampamento.
Escola
A capacidade inicial do projeto escolar era de 3 mil crianças mas a média mensal de frequência chega às 3,8 mil crianças.
O elevado número de alunos faz com que se atinja a proporção de um professor por 100 alunos.
Com o objetivo de melhorar a infraestrutura, o Acnur Angola adianta que serão construídas três escolas permanentes no campo até ao final do ano. Espera-se que estas crianças possam iniciar a sua educação formal no próximo ano.
Contexto
Segundo o último relatório de educação do Acnur, mais de 4 milhões de crianças refugiadas não frequentam a escola em todo o mundo.
Apenas 61% estão matriculados na escola primária, em comparação com uma média global de 92%. Este número desce para 23% quando se analisa o número de refugiados inscritos no secundário, o que compara com os 84% de média global.
A aposta do Acnur inclui transmitir conhecimentos e competências que permitam aos refugiados viver de forma independente e produtiva.
Adicionalmente, de acordo com a agência da ONU, a educação pode reduzir o risco do trabalho infantil, da exploração sexual e dos casamentos infantis.