O trânsito religioso, entendido como mudança de afiliação religiosa e reconfiguração do paradigma de pertencimento, é um fenômeno cada vez mais comum no Brasil contemporâneo. A identidade religiosa, longe de ser uma herança, é interpretada hoje como uma realidade maleável, transitória, em constante construção e desconstrução. Este artigo visa analisar os fatores que interferem na constante reconfiguração do universo religioso, focando a reflexão principalmente na relação entre mobilidade geográfica – migração – e mobilidade religiosa: de que maneira o deslocamento geográfico afeta a identidade religiosa da pessoa? Partindo de uma pesquisa realizada pelo Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios junto a migrantes urbanos em quatro áreas geográficas – Caxias do Sul/RS, Aracaju, Manaus e Distrito Federal e entorno – o autor infere que a condição migratória, por diferentes razões, incentiva a reconfiguração da identidade religiosa, tanto no sentido de mudança de afiliação quanto no sentido de redefinição do paradigma de pertencimento.