Minha vida como estrangeira começou quando eu tinha dez anos de idade. Isso foi há quarenta e cinco anos atrás, e mesmo assim eu ainda me lembro de cada detalhe daquela curta jornada; e eu jamais me esqueci de qualquer sentimento daquele dia, ou dos dias subseqüentes àquele evento. Eu enfatizo a parte “estrangeira”, porque esse foi, e é o principal sentimento que acompanha a minha vida como exilada cubana. Aos dez anos de idade eu mudei; eu me tornei, de alguma maneira, separada, desligada, repudiada. Minha vida foi cortada, truncada e eu me tornei permanentemente a “outra”.
Josefina R. Chirino