Milhares de refugiados e migrantes lutam contra condições congelantes, já que a Europa enfrenta uma onda de frio intenso neste inverno, disse a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que tem pressionado os governos locais para que tomem mais ações no sentido de proteger e ajudar a população em movimento.
23.01.2017
Milhares de refugiados e migrantes lutam contra condições congelantes, já que a Europa enfrenta uma onda de frio intenso neste inverno, disse a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), que tem pressionado os governos locais para que tomem mais ações no sentido de proteger e ajudar a população em movimento.
O ACNUR expressou preocupação sobre casos de muitas pessoas que morreram ao tentar entrar ou viajar pela Europa, incluindo cinco casos no começo deste ano, em decorrência das condições extremas.
“Salvar vidas é a prioridade mais urgente agora”, disse a representante do ACNUR Cécile Pouilly em coletiva de imprensa em Genebra na semana passada (17). “Estamos extremamente preocupados com os contínuos relatos de retrocessos em todos os países ao longo dos Balcãs, na parte ocidental. Estas práticas são simplesmente inaceitáveis e devem ser interrompidas, pois colocam a vida dos refugiados e dos migrantes em risco elevado e violam os seus direitos mais fundamentais”.
O ACNUR pediu às autoridades europeias que tomem mais ações para ajudar e proteger refugiados e migrantes, expressando preocupação com casos relatados de abusos cometidos por grupos criminosos, como sequestros, abusos físicos, ameaças e extorsão.
“Aconselhamos os Estados europeus a intensificar seus esforços para combater estas redes criminosas a fim de garantir a segurança dos refugiados e dos migrantes”, afirmou Pouilly.
Na Sérvia, onde as temperaturas estavam negativas nos últimos dez dias, cerca de 1,2 mil migrantes vivem em locais inadequados, no centro de Belgrado. Entre elas, estão 300 jovens e crianças desacompanhas ou separadas de suas famílias.
O ACNUR atuou com as autoridades locais e parceiros para fornecer aquecedores, cobertores térmicos, roupas de inverno e calçados para estas pessoas deslocadas. Dos 7,3 mil refugiados, solicitantes de refúgio e migrantes que vivem no país, 82% estão agora alojados em abrigos governamentais com aquecimento.
Um refugiado iraquiano disse ao ACNUR em um dos centros de acolhida: “a sala é pequena, mas não posso ficar bravo com a Sérvia porque não fomos espancados aqui. Recebemos acomodação e refeições quentes”.
Nas ilhas gregas, o ACNUR transferiu centenas de pessoas para acomodações no continente, em Lesbos e Chios. No entanto, cerca de 1 mil pessoas, incluindo famílias com crianças pequenas, ainda estão vivendo em tendas não aquecidas e dormitórios em Samos. O ACNUR distribuiu 360 mil itens de inverno em toda a Grécia, incluindo cobertores, sacos de dormir, botas de inverno e agasalhos.
No norte da Grécia, uma forte nevasca afetou os refugiados dos campos de Vagiochori, a duas horas de Salônica. No início desta semana, o ACNUR transferiu os últimos moradores das tendas não aquecidas para um hotel.
Refugiados fora da Europa também foram afetados pelo severo inverno. A neve aumentou os problemas dos sírios que vivem em abrigos informais nas partes mais altas do Vale do Bekaa, no Líbano, já que eles têm que lidar com frio, umidade e lama.
O ACNUR está fornecendo assistência em dinheiro para 870 mil refugiados sírios no Líbano, de novembro a março, para ajudá-los a pagar por itens essenciais, incluindo combustível para aquecimento e roupas quentes.
Crianças sofrem com doenças respiratórias
Sem nenhum sinal de interrupção do frio extremo e das tempestades que varrem a Europa Central, Oriental e Meridional, crianças refugiadas e migrantes estão ameaçadas por doenças respiratórias e outras doenças graves – e até morte por hipotermia, disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na semana passada (20).
Na Grécia e nos Bálcãs, estima-se que 23,7 mil crianças refugiadas e migrantes — incluindo bebês e recém-nascidos, principalmente da Síria, do Iraque e do Afeganistão — permaneçam desamparadas. Muitas estão sendo alojadas em abrigos que estão mal equipados para o inverno, ainda que as temperaturas estejam abaixo de zero.
Algumas partes da Grécia, especialmente as ilhas onde milhares de refugiados estão se abrigando em tendas frágeis, experimentaram fortes nevascas pela primeira vez em anos. O UNICEF continua pedindo que refugiados e migrantes vivendo atualmente em campos superlotados e mal servidos nas ilhas sejam deslocados para acomodações mais adequadas e seguras no continente.
“Sem abrigo adequado e agasalhos, as crianças correm um perigo real devido ao mau tempo”, disse Basil Rodriques, assessor regional do UNICEF para a Europa Central e Oriental. “Bebês e os muito jovens geralmente têm menos gordura corporal para isolá-los do frio, tornando-os mais suscetíveis a problemas respiratórios e infecções virais e bacterianas potencialmente fatais, como pneumonia e gripe”.
A superlotação e o mau isolamento tornam os abrigos particularmente insalubres e permitem que as doenças respiratórias se espalhem rapidamente quando o tempo frio chega. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a temporada de gripe na Europa já está em andamento.
“Além do frio, os riscos para a saúde que as crianças enfrentam são uma consequência de sua situação como refugiados e migrantes, vítimas da incerteza e dos atrasos no processamento de suas reivindicações de asilo”, disse Rodriques. “Esse estado de limbo impacta a saúde das crianças, agravando suas dificuldades”.
Os esforços contínuos do UNICEF de preparação para o inverno em toda a Croácia, Sérvia, Eslovênia e Macedônia estão ajudando mulheres e crianças a se manter aquecidas.
Na Bulgária, o UNICEF apoiou 500 crianças em centros de acolhimento com um conjunto completo de roupas de inverno. A agência da ONU também está distribuindo roupas de inverno e outros itens essenciais para mulheres e crianças, usando equipes móveis em alguns locais.
Fonte: nacoesunidas.org