Dezenas de milhares de venezuelanos cruzam a fronteira com a Colômbia

idi braMais de 500.000 pessoas solicitam o cartão fronteiriço para entrar no país vizinho.
Oposição planeja greve geral “cívica” de 48 horas em protesto contra Maduro

 26.07.2017

A sociedade venezuelana precisará lidar com as eleições da Assembleia Nacional Constituinte, fixadas pelo Governo de Nicolás Maduro para esse domingo, submersa em um clima de enorme tensão. A situação se refletiu no começo da semana em uma imagem eloquente, que se repetiu em vários pontos da fronteira com a Colômbia. Dezenas de milhares de pessoas – 33.000 na segunda-feira – cruzaram a fronteira ao país vizinho diante da incerteza e do desabastecimento que atinge a Venezuela, no que significa um aumento do fluxo migratório que costuma ocorrer nos momentos de maior crise.

A passagem de fronteira que recebeu a maior quantidade de gente foi a de Cúcuta, capital do departamento do Norte de Santander, por onde passaram mais de 26.000 pessoas. Milhares delas retornaram no mesmo dia após comprarem alimentos e produtos básicos. Por volta de 2.000 venezuelanos, de acordo com as autoridades colombianas, entraram com a intenção de viajar ao Equador, Peru e Chile.

Os residentes na Venezuela que já solicitaram um documento chamado Cartão de Mobilidade Fronteiriça, criado recentemente para regular a imigração, chegam a 560.000 aproximadamente. O regime de Maduro fechou a fronteira em agosto de 2015 e a reabriu um ano depois. Em 2016 já ocorreram em momentos pontuais grandes êxodos à Colômbia. Durante um final de semana de abertura temporária entraram no final do ano passado por volta de 150.000 pessoas.

Agora a incerteza volta a se espalhar pela Venezuela pelas circunstâncias políticas. Na quarta e quinta-feira ocorrerá uma “paralisação cívica” de 48 horas convocada pelos partidos da oposicionista Mesa de Unidade Democrática (MUD) contra o processo constituinte levado a cabo por Maduro. A greve deve paralisar parte do país durante dois dias, como já aconteceu na semana passada em uma primeira paralisação de 24 horas. As autoridades da Colômbia, que tentam minimizar o ocorrido, atribuem a essas circunstâncias o aumento do trânsito na fronteira terrestre.

Tensões e insultos

As relações entre os dois países não atravessam o seu melhor momento. O Governo venezuelano acusou abertamente essa semana o Executivo de Juan Manuel Santos de conspirar, com a CIA e o México, para derrubar Maduro. E o sucessor de Hugo Chávez se dirige cada vez mais frequentemente ao seu homólogo colombiano com impropérios e insultos. “O presidente Santos precisa me pedir a benção, compadre, porque somos seus pais. Santos, peça a benção, compadre. Incline-se, ajoelhe-se diante de seu pai. Sou seu pai”, afirmou recentemente.

A chancelaria colombiana negou taxativamente a existência de um plano de ingerência e que tenha a intenção de intervir de alguma forma na Venezuela no futuro. Mas Maduro não gostou do fato de Santos pedir expressamente, em pelo menos duas ocasiões, o cancelamento das eleições da Assembleia Nacional Constituinte, alinhando-se à oposição ao Governo e com setores do chavismo críticos com os rumos do regime.

Fonte: brasil.elpais.com

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