Acnur: novo relatório detalha mudanças nas rotas de refugiados à Europa

 Documento da agência da ONU mostra alterações nas jornadas perigosas usadas por migrantes e refugiados para chegar à Europa no terceiro trimestre de 2017.

Documento da agência da ONU mostra alterações nas jornadas perigosas usadas por migrantes e refugiados para chegar à Europa no terceiro trimestre de 2017.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

Um novo relatório divulgado na quinta-feira pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur, mostra mudanças nas rotas usadas por refugiados e migrantes para chegar à Europa durante o terceiro trimestre de 2017.

A diretora do Acnur no continente, Pascale Moreau, afirmou que nos últimos meses a rota da Grécia ganhou mais adesão, as chegadas pelo mar na Itália diminuíram e rotas cada vez mais diversificadas estão sendo usadas para chegar à Europa.

Chegadas

O número de travessias da Líbia para a Itália caiu, com cerca de 21,7 mil pessoas chegando pelo mar ao país europeu entre julho e setembro, índice mais baixo para este período nos últimos quatro anos.

De acordo com o relatório, no último trimestre do ano, uma proporção maior dos que chegaram à Itália haviam saído da Tunísia, Turquia e Argélia. As pessoas chegando à Europa pelas rotas do Mediterrâneo eram principalmente da Síria, Marrocos e Nigéria.

Já na Grécia, houve um aumento nas chegadas por terra e mar desde o verão do hemisfério norte. Em setembro, cerca de 4,8 mil pessoas chegaram à costa do país, o número mensal mais alto desde março de 2016. Cerca de 80% dos que chegaram à Grécia pelo mar eram sírios, iraquianos e afegãos, dois terços deles mulheres e crianças.

Houve ainda um aumento de 90% nas chegadas por terra e mar à Espanha durante o terceiro trimestre de 2017 em comparação ao mesmo período do ano passado.

O relatório também detalhou as travessias da Turquia à Romênia pelo Mar Negro durante o verão, as primeiras desde fevereiro de 2015, assim como um grande aumento nas chegadas a Chipre desde o início do ano.

Viagens perigosas

Moreau afirmou que apesar da redução nas travessias pela rota do Mediterrâneo Central, milhares de pessoas continuam tentando fazer viagens “desesperadas e perigosas” para a Europa.

Ela citou estimativas de que até 20 de novembro, cerca de 3 mil pessoas teriam morrido ou desaparecido no mar e sabe-se que outras 57 morreram em rotas terrestres ou nas fronteiras da Europa em 2017. Moreau afirmou, no entanto, ser provável que os números sejam mais altos.

O relatório também ressalta a difícil situação de muitas mulheres e meninas vítimas de tráfico e das mais de 15, 2 mil crianças desacompanhadas ou separadas de suas famílias que chegaram à Europa até o momento este ano.

O Acnur continua a pedir mais caminhos seguros e legais ao continente, como reassaentamento e reunificação familiar. Pascale Moreau afirmou ser também essencial que as pessoas tenham mais acesso a asilo em países europeus.

Ela expressou gratidão pelas contribuições feitas pelos Estados até o momento, no entanto, disse que muito mais precisa ser feito para responder ao pedido do Acnur por 40 mil vagas adicionadas de reassentamento solicitadas em setembro para refugiados localizados em 15 países prioritários ao longo da rota do Mediterrâneo Central.

Fonte: Rádio ONU

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