Entrevista con Macaio - Cultura, dignidad y derechos: el viaje de un emigrante que se transforma

Mestre em Ciência da Computação, percussionista, cantor, compositor e liderança comunitária. Macaio é tudo isso — e mais. Migrante da Guiné-Bissau, ele é presidente da AEGBEC – Associação dos Estudantes da Guiné-Bissau no Estado do Ceará e atua no Programa Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, vinculado à Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará.

Durante a Terceira Conferência Internacional sobre Migração e Refúgio (ICoMiR), realizada em Brasília entre os dias 19 e 22 de maio de 2025. Macaio concedeu entrevista ao Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios (CSEM) para falar sobre a trajetória de vida e contribuir com o debate. O evento reuniu representantes de mais de 30 países e cerca de 800 participantes conectados online. Ao longo dos dias, foram compartilhadas análises, experiências e reflexões em torno do tema “Compreender, humanizar e valorizar as pessoas em mobilidade”.

Macaio Upecor Gomes tem um compromisso profundo com a transformação social por meio da cultura, da educação e da mobilização coletiva. “Mesmo com objetivos diferentes, temos uma mesma missão”, afirma. A missão a que se refere é a de garantir dignidade, acesso a direitos e reconhecimento para migrantes guineenses, como também para todas as pessoas deslocadas que hoje vivem no Brasil. Para isso, a AEGBEC, da qual Macaio faz parte, tem promovido escutas e visitas aos bairros com maior presença migrante. “No final, percebo que as demandas se repetem: acesso à universidade, reconhecimento de diplomas, emprego digno. São desafios comuns.”

Como presidente da associação, ele destaca que, muitas vezes, os migrantes que chegam ao Brasil acabam trabalhando em áreas muito distantes da formação, em condições precárias, por pura necessidade de sobrevivência. “São pessoas que têm qualificação, mas não conseguem atuar na área em que se formaram. Aceitam jornadas exaustivas, mal remuneradas, com medo de perder o emprego, de não conseguir pagar aluguel. É preciso criar políticas de fiscalização que olhem para isso.”

Outro ponto crucial, segundo o porta-voz da comunidade da Guiné-Bissau, é a ampliação da inclusão de migrantes nas universidades públicas: “Ainda não existe uma política voltada especificamente para quem migra. Sabemos que algumas instituições oferecem cotas para refugiados, mas isso precisa se ampliar, se tornar algo institucionalizado e acessível.”

Expressar-se também é um direito: a luta por espaço e voz

Para Macaio, a cultura também ocupa um lugar central na vida do migrante. Há, segundo ele, uma “arte no sangue” de quem chega ao Brasil — mas faltam espaços para que possam se expressar. “Temos músicos de várias nacionalidades que estão invisibilizados. Não é apenas sobre viver da arte, mas poder se apresentar, mostrar a identidade. Abrir essas portas é um gesto de acolhimento e transformação.”

Quando perguntado sobre como fortalecer as redes de apoio entre migrantes, especialmente entre jovens e profissionais, Macaio aponta que o primeiro passo é incluir os próprios migrantes nas construções. “Criar espaços de diálogo, convidar migrantes e brasileiros para conversar, debater. É o que a Conferência Internacional sobre Migração e Refúgio (ICoMiR) fez, e isso precisa se multiplicar. A aproximação quebra barreiras e permite que os migrantes se sintam parte da comunidade.”

Ele finaliza com um agradecimento à Secretaria dos Direitos Humanos do Ceará, da qual faz parte, pela sensibilidade em reconhecer e acompanhar as dificuldades enfrentadas pelos migrantes. “Quando o poder público escuta e age, o país inteiro cresce junto.”

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