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Fluxo de remessas de emigrantes pode chegar a US$ 616 bi

idi braA melhora da economia mundial deverá elevar o fluxo de remessas de dinheiro de emigrantes para seus países de origem e alcançar US$ 616 bilhões neste ano, em uma alta de 3,4% em relação ao ano anterior pelas projeções do Banco Mundial. Atualmente há cerca de 258 milhões de migrantes internacionais, ou 3,4% da população mundial. 

Assis Moreira | De Genebra

 

A melhora da economia mundial deverá elevar o fluxo de remessas de dinheiro de emigrantes para seus países de origem e alcançar US$ 616 bilhões neste ano, em uma alta de 3,4% em relação ao ano anterior pelas projeções do Banco Mundial. Atualmente há cerca de 258 milhões de migrantes internacionais, ou 3,4% da população mundial. O total representa uma alta de 2,8% em relação a 2000, e a tendência é das próximas décadas é de a migração aumentar.

As remessas de capital pelos migrantes representam uma fonte financeira em moeda estrangeira menos volátil e mais segura do que outras formas de recursos para vários países em desenvolvimento.

De acordo com o Banco Mundial, em 2017 as remessas totais chegaram a quase US$ 600 bilhões, dos quais US$ 450 bilhões tomaram o rumo das nações em desenvolvimento. Em 2000 eram US$ 74 bilhões.

Mesmo com essas grandes somas, os migrantes utilizam 85% de seus ganhos nos próprios países para os quais migraram através de impostos e gastos, segundo Louise Arbour, representante especial do secretário-geral da ONU para migração internacional.

O Banco Mundial estima que o crescimento global das remessas será de cerca de 5% em 2017. A cifra exata será divulgada em abril pela entidade. Esse fluxo representa quase três vezes mais que todo o montante de assistência dos países ricos a nações em desenvolvimento.

No período de dez ano, entre 2008 e 2017, os emigrantes enviaram US$ 5,3 trilhões para seus países de origem. A Índia recebeu o maior volume, de US$ 623,3 bilhões, de seus cidadãos no exterior. A China recebeu US$ 570,9 bilhões. Os mexicanos, trabalhando sobretudo nos Estados Unidos, enviaram para casa US$ 250,8 bilhões no período. Quantia similar foi remetida pelos filipinos para seu país.

Os brasileiros que trabalham no exterior, em comparação, enviaram para o Brasil cerca de US$ 26,4 bilhões em dez anos. No ano passado, as remessas para o país alcançaram US$ 2,6 bilhões.

Os EUA são o país de onde os imigrantes mais enviam dinheiro, totalizando US$ 66,6 bilhões em 2016, em uma alta de 6,5% em relação ao ano anterior. Entre 2008 e 2016, as remessas enviadas a partir dos EUA somaram US$ 505,5 bilhões.

Em 2017, os mexicanos bateram recorde de envio de dinheiro para seu país, com US$ 31 bilhões. Isso pode ser explicado tanto pela melhora no mercado de trabalho nos EUA, como pelo temor que tomou conta de parte dos mexicanos com a política anti-imigração que o presidente americano, Donald Trump, quer impor na maior economia do mundo.

A melhora da economia global não é o único fator que influencia as remessas dos emigrantes, diz Marina Manke, chefe da divisão de Mobilidade do Trabalho e Desenvolvimento Humano da Organização Internacional de Migrações (IOM).

Ela menciona outras questões que afetam as remessas, como desenvolvimento de tecnologias para pagamento móvel, regimes de governança de migração e aumento da percepção geral sobre esse fenômeno.

“Em alguns países, como nos da Europa ou nos EUA, as atitudes negativas em relação aos migrantes ou o endurecimento nos regimes de migração podem afetar de forma semelhante os fluxos de remessa”, disse Manke. “A verdade é que a mobilidade do trabalho, e a migração em geral, está se tornando cada vez mais um fenômeno natural dos nossos dias. Mas é essa percepção negativa sobre a migração que precisa ser tratada.”

Os trabalhadores migrantes em ambientes de alta produtividade contribuíram com US$ 6,7 trilhões, ou 9,4% do PIB global em 2015, representando US$ 3 trilhões a mais do que eles teriam produzido em seus países de origem, segundo estimativa do McKinsey Global Institute citada pela ONU.

Para este ano, a expectativa do Banco Mundial é de que as remessas poderão cair para alguns países. A Indonésia receberá menos dinheiro dos migrantes depois que o governo proibiu mulheres indonésias de irem para países do Oriente Médio trabalhar como empregadas domésticas. Ao mesmo tempo, nos países do Golfo Pérsico o recrutamento de trabalhador estrangeiro está mais complicado, após cortes na produção de petróleo e consolidação fiscal.

Facilitar o envio de remessas é um dos itens do “Global Compact on Migration”, plano da ONU para criação de estratégia global para migração, que está em negociação em Nova York. O governo Trump abandou essa discussão em dezembro de 2017, em linha com a postura anti-imigração de sua política de “America First”.

Fonte: www.valor.com.br/

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