Em janeiro de 2017, foram apenas 12 partos. Mas agora é cada vez mais comum venezuelanas grávidas cruzando a fronteira com o Brasil.
Em janeiro de 2017, foram apenas 12 partos. Mas agora é cada vez mais comum venezuelanas grávidas cruzando a fronteira com o Brasil.
A onda imigratória de venezuelanos para o Brasil produziu um aumento vertiginoso nos atendimentos no sistema público de saúde de Roraima. Principalmente de um tipo específico de procedimento.
Eles ainda não sabem, mesmo com pouco tempo de vida, todos já têm uma história de superação para chegar até aqui. Eles são os filhos da imigração venezuelana.
E esse número vai aumentar. É cada vez mais comum venezuelanas grávidas cruzando a fronteira com o Brasil.
Em 2017, foram feitos 572 partos de venezuelanas em Roraima, praticamente o dobro do ano anterior.
E o número é ainda mais impressionante na comparação entre os meses de janeiro. No primeiro mês de 2017, foram 12 partos no estado. Em 2018, subiu para 150. Ou seja, uma média de cinco partos por dia.
Jesus acaba de chegar à maternidade pública de Boa Vista para conhecer seu primeiro filho. O venezuelano está há dois anos no Brasil e trabalha numa fazenda.
“É emocionante, não consigo descrever em palavras”, diz ele.
Morando na rua em condições precárias, muitas grávidas venezuelanas chegam à maternidade desnutridas e a quantidade de bebês prematuros é enorme.
A pequena Huliane nasceu com seis meses e 870 gramas apenas.
“Normalmente, não é um paciente 100% tranquilo de se tratar, ele tem patologias, ele tem a prematuridade que vai acarretar num aumento de internação dentro da UTI. Houve momentos na UTI que tivemos 14 leitos e chegamos a ter oito venezuelanos dentro da UTI”, conta Luiz Gustavo Araújo da Silva, diretor-técnico da maternidade e médico pediatra.
Outra situação que tem se tornando frequente na maternidade de Boa Vista é de venezuelanas que moram em Santa Helena, o município da Venezuela que faz fronteira com Pacaraima, que é a cidade brasileira, e que têm complicações lá. Como lá, a situação é muito precária, elas vêm para Boa Vista para ter o bebê e depois elas voltam. É o caso da Gabriela, que está curtindo a filhinha que acabou de nascer.
Mas muitas não voltam. É o caso da venezuelana Belquis, que chegou há um mês e acabou de ter a filha prematura. A mãe ia pedir o status de refugiada ao Brasil, mas agora pode ser brasileira naturalizada, explica Denise Cavalcanti Calil, presidente da Comissão Especial da Criança e Adolescente da OAB de Roraima.
“O pedido de refugiado pode demorar até dois ou três anos enquanto, nesse caso, é muito mais rápido já tendo um filho brasileiro”, disse.
Ou seja, eles poderão e conseguirão a nacionalidade brasileira.
“Isso está previsto na Constituição federal. Eles vão conseguir, sem dúvida alguma”, confirma Denise.
“Quero que ela estude aqui e faça muitas coisas”, disse Belquis.
Fonte: Globo