CSEM apresenta pesquisa sobre experiências de haitianos e seus descendentes na República Dominicana

Entre os dias 5 e 8 de agosto de 2025, o CSEM participou da XV Reunião de Antropologia do Mercosul (RAM), realizada em Salvador (BA). O evento reuniu pesquisadoras e pesquisadores de diversos países para debater os desafios e perspectivas de estudos em contextos latino-americanos e global.

No GT 132: Migrações ontem, hoje e amanhã. Qual o futuro das questões migratórias em tempos de crise?, coordenado pelas professoras doutoras Gláucia de Oliveira Assis (UNIVALE/UDESC) e Natalia Gavazzo (CONICET/UNSAM), Igor Borges Cunha apresentou o trabalho “Cuando me enfermo, tomo té” – Experiencias de haitianos y descendientes de haitianos indocumentados en la República Dominicana.

A pesquisa, fruto de uma parceria entre o CSEM e a ASCALA (Asociación Scalabriniana al Servicio de la Movilidad Humana), integra um estudo de diagnóstico iniciado em março de 2025, com foco em pessoas haitianas e descendentes de haitianas, especialmente mulheres e crianças, na República Dominicana. O trabalho de campo foi realizado a partir de uma abordagem etnográfica intensiva, abrangendo as cidades de Santo Domingo, Dajabón, Pedernales e bateyes de San Pedro de Macorís, na República Dominicana, e uma vista ao Haiti. Nessas localidades foram realizadas entrevistas com gestores públicos, migrantes e ONGs.

A apresentação da análise das trajetórias espaciais e afetivas dos participantes da pesquisa destacou como o acesso a serviços básicos é marcado por barreiras estruturais, envolvendo racialização, perfilhamento étnico e linguístico e a naturalização do medo de deportação. Foram discutidas também estratégias individuais de resiliência, como a performatividade de pertencimento e o uso de redes de apoio para acessar direitos, como saúde e educação.

O debate no GT gerou reverberações positivas, aprofundando questões sobre a fronteira como elemento incorporado ao corpo, a seletividade institucional no cuidado e os limites e possibilidades de agência em contextos de perseguição.

Atualmente, pesquisadores do CSEM avançam na redação do relatório preliminar desta primeira etapa da pesquisa. O estudo seguirá até 2027, com atenção especial às experiências de mulheres e meninas migrantes haitianas na República Dominicana.

Para saber mais sobre a pesquisa, entre em contato com analista@csem.org.br e pesquisa@csem.org.br

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