Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?” é o lema da 30a edição do Grito dos Excluídos que será realizado no dia 7 de setembro de 2024. A manifestação teve origem em 1995, a partir da Campanha da Fraternidade da Igreja Católica sobre o tema “Fraternidade e Excluídos”. Hoje o Grito se tornou ecumênico, envolvendo não apenas grupos religiosos, mas também amplos segmentos da sociedade civil.
O objetivo é dar voz a todos aqueles e aquelas que são silenciados/as na sociedade brasileira contemporânea; é dar visibilidade aos sofrimentos, às lutas e às práticas de resistência de grupos sociais que não são apenas oprimidos e explorados, mas, também, excluídos do acesso a direitos básicos. Trata-se de uma parcela da população tida como “massa sobrante”, descartável, ou, nas palavras do sociólogo Bauman, como mero “refugo humano”.
Moradores de rua, desempregados, povos indígenas, palestinos, sem teto, sem-terra, pessoas com deficiência, pessoas trans, mulheres, pretos e pardos, entre muitos outros, levantam o indignado grito por justiça e plena cidadania.
Entre eles há também pessoas migrantes e refugiadas, que frequentemente sofrem pela exploração no ambiente de trabalho e, ao mesmo tempo, pela exclusão do acesso a direitos fundamentais. São parcialmente aceitos na sociedade apenas enquanto trabalhadores úteis para suprir carências do mercado de trabalho, mas, mesmo assim, sem os direitos da população nacional, além de sofrerem por estigmas racistas e xenófobos.
Apesar disso, no Brasil, assim como em outros países, pessoas migrantes e refugiadas desenvolvem estratégias de superação da realidade adversa, com a apoio de coletivos por eles criados ou de organizações solidárias da sociedade civil. O grito deles, como dos demais grupos, não é uma lamentação vitimista, mas é um clamor de compromisso e de luta.
Cabe destacar, finalmente, que entre as “formas de vida que importam” e que clamam há também a flora e a fauna de nosso país: a fumaça que se espalha pelo Brasil inteiro é o grito surdo do meio ambiente que reivindica o direito a continuar com-vivendo ao lado dos seres humanos.
Que a celebração do Grito possa alimentar nosso compromisso em prol de um Brasil onde ninguém seja excluído.
